Antes do lançamento de clássicos modernos como Wolfenstein: The New Order, o reboot de Shadow Warrior e DOOM, o mercado dos FPS old-school parecia subjugado por franquias anuais com temas militares conhecidos, Call of Duty e Battlefield.

Tendo as desenvolvedoras acostumado os jovens gamers há estes, não é por acaso que títulos como Bulletstorm e RAGE (ambos lançados em 2011), tiveram que sofrer um publico incomum e relutante para a época e, portanto têm sido objeto de fracasso comercial, tanto para EA e a developer polonesa People Can Fly, como para a antiga empresa John Carmack, id Software.

Ironicamente, as franquias carro-chefe da Activision e EA, agora ambos em declínio financeiro ou com uma base reduzida de usuários, especialmente no caso de Battlefield 1 no PC, cujo número de usuários atuais alcança apenas um terço dos jogadores do Playstation 4. Além disso, nos últimos anos, temos visto numerosos lançamentos de arena shooters como Toxikk, Reflex, Unreal Tournament e o recém lançando Quake Champions, bem como outros shooters por equipe como Paladins, Lawbreakers e o novo favorito da Blizzard, Overwatch.

Com o sucesso retumbante de alguns acima, esta versão remasterizada da versão Bulletstorm intitulado ‘Full Clip Edition’ (publicado agora não pela EA, mas pela Gearbox Software), tem o objetivo de tentar as águas do público sedento de FPS e ação, procurando o devido reconhecimento que merecia a nova IP dos criadores do Painkiller quando foi lançado em fevereiro de 2011.

Aqueles que já jogaram Bulletstorm em 2011 e não puderam fazê-lo novamente por causa do infame Games For Windows Live, vão querer saber o que inclui esta versão remasterizada, para decidir se vale a pena investir novamente U$ 50 em um jogo que saiu apenas há seis anos. No lado visual, a edição Full Clip apresenta texturas de alta resolução, suporte para resolução 4K no PC e Playstation 4 Pro, um número maior de polígonos nos modelos e algumas mudanças de atmosfera dos cenários.

Em nossas imagens comparativas além da resolução, também pode-se ver uma melhor solução anti-aliasing, melhor gradação de cores e oclusão de ambiente. As diferenças podem não ser tão impressionantes em todas as áreas de forma igual, mas em movimento são notadas. O fato de que Bulletstorm: Full Clipe Edition agora possui suporte para monitores de até 240Hz, é definitivamente uma vantagem para os usuários com monitor de mais de 60 hz.

No entanto, o pequeno número de opções gráficas é um pouco decepcionante, ainda mais ao tratar-se de um remake. Somente podemos alterar a qualidade de post-processamento e as texturas. Nada mais. Pelo menos seria bom poder desativar o Motion Blur para capturar as melhores imagens.

No lado de áudio, a música e sons também foram remasterizados, e agora os diferentes disparos e estacamento de inimigos soam muito mais viscerais. Se ainda não jogou Bulletstorm, a trilha sonora sensacional com baterias e riffs de metal agressivos definitivamente vão fazê-los recordar as de Wolfenstein: The New Order e o novo DOOM.

Quanto ao conteúdo, Bulletstorm: Full Clipe Edition contém todos os DLCs lançados após o seu lançamento em 2011, cujo conteúdo infelizmente não tinha sido lançado no PC devido a problemas com a plataforma Games for Windows Live. Além dos DLCs, este novo Bulletstorm apresenta o modo de campanha ‘Overkill’, que não é nem mais nem menos do que uma espécie de New Game + que nos permite usar todo o arsenal de uma só vez, em vez de apenas três armas restritas, juntamente com a lista de Skillshots desbloqueada.

Também foi acrescentado seis novos mapas para o modo Echoes e Legendary, que são basicamente segmentos das missões usadas para competir por pontos em leaderboards globais. Ao modo survival do multiplayer cooperativo não foi adicionado mais mapas, uma vez que esta edição já traz os mapas do jogo de base e das DLCs posteriormente lançadas, o que perfaz um total de 12.

Dado que Gearbox adquiriu os direitos de Duke Nukem, eles tiveram a ideia de substituir o personagem principal Grayson Hunt, com o modelo lendário e ícone dos FPS, juntamente com um script de voz completo, realizado claro, por Jon St. John. No começo pensei que era uma boa idéia, até que comecei a ouvir algumas frases pouco autênticas e fora do lugar para o rei, até mesmo um tom fraco e desgastado. Em suma, ‘Duke Nukem Bulletstorm Tour’ definitivamente não é a característica mais saliente deste pacote, menos ainda, considerando que nós temos que comprar na pré-venda para obtê-lo gratuitamente, ou comprá-lo depois por U$ 5.

Para quem nunca ouviu falar de Bulletstorm, é um jogo FPS com uma jogabilidade arcade cujo slogan é matar habilmente (Kill with Skill soa melhor). Combinando nossa corrente de energia para atrair inimigos, o nosso pontapé e, usando nosso arsenal de sete armas (todos com disparo secundário), podemos liquidar os nossos inimigos por engenhosos, ou acidentais mortes através do sistema Skillshots, divididos em diferentes categorias. Cada uma das armas tem dez Skillshots (alguns deles para o disparo alternativo) enquanto a aba segredos contém 19, e as de geral e Geral II uns 22 cada.

Embora seja verdade que realizar essas proezas pode ser cansativo e frustrante, e até mesmo interrompe muito o ritmo do jogo ao ter que ir para o menu caso não se lembre, eventualmente vindo a aceitar que são uma parte inerente do jogo, até ponto de querer a todos, não importa quantas vezes temos que reiniciar um checkpoint. Quando comecei a jogar esta nova versão, eu me prometi fazer a quantidade mínima de Skillshots possível para terminar o jogo o mais rápido possível, mas aconteceu o contrário. Eu realmente cismei e desbloqueei a lista completa dos 131 Skillshots, apenas por uma questão de orgulho.

Uma vez que alguns deles são secretos e muitos outros não estão muito bem explicados, você pode ter que recorrer ao Youtube para descobrir como fazer, ou revisar as listas dos Skillshots para saber qual ou o que falta no caso de segredos.

Teria sido bom que People Can Fly houvesse adicionado a capacidade de deixar-nos colocar algum tipo de lembrete na tela para evitar ter de apertar N a cada passo (tecla com o qual você acessa o menu de Skillshots), mas acho que eles não queriam comprometer imersão do jogo, independentemente das palavras e pontos flutuantes que aparecem ao eliminar inimigos.

Quanto à história, a aventura começa quando o nosso anti-herói, Grayson Hunt e seu parceiro resmungão Ishi Sato, fazem uma manobra arriscada em combate espacial, com uma abordagem espetacular incluída, e acabam caindo no planeta Stygia, onde toda a desolação e elementos naturais gigantes fazem o campo de batalha ideal para enfrentar os diferentes tipos de vilões e enche-los de combos.

Este tipo de road movie que começa com a queda no planeta, e que acompanha Grayson e Ishi através de uma viagem brutal, cheia de momentos inesperados, também serve como um suporte para construir uma clássica, porém dinâmica dupla, onde um lidera, mas aprende a ser sincero com seus erros, e o outro não para de protestar, mas serve ao bem maior, em busca de uma saída do hostil planeta. Mas em ambos há uma causa comum, a vingança.

Grayson e Ishi faziam parte do esquadrão Dead Echo comandado pelo general Victor Sarrano, que os utilizou para causar estragos em várias partes da galáxia matando inocentes, e a dupla não vê a hora de acertar as contas com sangue. Em última análise, essa idéia de road movie acaba se tornando um jogo de gato e rato que apresenta momentos que beiram ao bizarro, mas certamente são inesquecíveis.

Por um lado, graças à sua jogabilidade simples e visceral, é fácil recomendar Bulletstorm a qualquer amante de shooters em primeira pessoa, se é que ainda não o jogaram. Se já o fizeram, os U$ 49.99 são definitivamente um bom negócio, mesmo considerando que os gráficos adicionados não são tão grandiosos como esperado, uma vez que esta versão remasterizada segue usando Unreal Engine 3. Por U$ 50 que poderiam ter feito na Unreal Engine 4, honestamente, ou pelo menos cobrar U$ 30, em vez de U$ 50.

Para além do referido, revisitado este divertido e sangrento shooter de People Can Fly foi mais do que satisfeito, mas definitivamente, tendo jogado a versão de 2011, não pagaria U$ 50 se tivesse que fazê-lo. Só espero que esta nova edição seja uma porta para Bulletstorm 2, a sequela foi cancelada em dado comento devido à falta de fundos, mas agora, de acordo com o CEO da Gearbox, Randy Pitchford, é mais viável, dependendo do desempenho das vendas de Bulletstorm: Full Clip Edition.

Em suma, minha recomendação é comprar Bulletstorm: Full Clipe Edition somente se você não tiver jogado antes. Se você já tiver feito, é melhor ficar esperando a sua continuação.

Esta avaliação foi realizada com uma cópia da impressa fornecida pela Gearbox Software/People Can Fly. Você pode ver imagens comparativas entre as versões de 2011 e 2017, além de uma galeria de imagens em 4K (toda a campanha) neste link.

[PT] Bulletstorm: Full Clip Edition - Review
Historia65%
Gameplay80%
Gráficos80%
Música y sonidos85%
Multiplayer75%
O Bom
  • Gameplay entretido graças à variedade de Skillshots
  • Variedade de cenários e inimigos
  • A música e sons remasterizados
O ruim:
  • Algumas texturas que poderiam ter sido melhoradas; Poucas opções gráficas
  • Preço alto ao tratar-se de uma remake com o mesmo motor gráfico
  • Duke Nukem é desnecessário
80%Nota Final
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